sábado, 4 de abril de 2009

O mito por trás do mito tupinambá - Revista de História

O mito por trás do mito tupinambá

por Graziella Beting
DIVULGAÇÃO/Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo
Mussa recriou relatos indígenas/ Nativos na visão de um frade francês do século XVI/Árvore de Auaí , ilustração, frei André Thevet, 1575
O frade e cosmógrafo francês André Thevet (1502-1590) foi o capelão da expedição de Nicolas Durand de Villegagnon, que esperava fundar no Brasil a “França Antártica” no século XVI. Thevet adoeceu no início da viagem e passou só 10 semanas na baía de Guanabara, entre 1555 e 1556, o que bastou para coletar informações e publicar Les singularités de la France Antarctique (As singularidades da França Antártica).

O texto se tornou um marco da antropologia por conter mais que registros da fauna e da flora do Novo Mundo. O autor fez também apontamentos sobre mitos e costumes de índios que viviam no Rio de Janeiro. Seus relatos – que dariam corpo ao tema do “bom selvagem” na França –, se tornaram valiosos registros da cosmogonia tupinambá e foram ponto de partida do último livro do escritor Alberto Mussa.

Em Meu destino é ser onça (Ed. Record, 272 págs.), Mussa faz, como explica, um “ensaio ficcional do mito tupinambá”. Partiu de fontes históricas para recontar o mito, informando o leitor de seu percurso de pesquisa. A partir das informações recolhidas por Thevet entre os tupinambá, ele seguiu pelos escritos de Hans Staden, José de Anchieta, Manuel da Nóbrega, Fernão Cardim e outras fontes dos séculos XVI e XVII. Num primeiro momento, reescreve a mitologia indígena – ou cria, como diz, “o mito do que poderia ter sido”, ou “o mito baseado em mitos reais”.

Graziella Beting é jornalista e tradutora

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