quinta-feira, 2 de julho de 2009

2 de Julho-Independência da Bahia


As pessoas que vivem em outra região perguntam porque a Bahia comemora sua Independência e se a Bahia não faz então parte do Brasil? é um erro pensar assim pois a história da independência da Bahia esta vinculada a independência do Brasil. Para compreender essa situação, precisamos vislubrar a História no período em que nosso país passava por uma transição, assim a independência do Brasil é no dia 07 de setembro de 1822 e nós comemoramos a independência aqui, em 02 de julho de 1823, simplemsmente porque de acordo o professor Cid Teixeira o foco político vinculado a Lisboa, era um foco político ligado à metrópole portuguesa, era um foco político que tinha muito pouco a ver com o Brasil do nordeste que era o Brasil produtor, o Brasil que interessava ao fisco, o Brasil que interessava ao negociante de açúcar, o Brasil que interessava à produção e não o Brasil que interessava à política.
Portanto meus amigos, uma coisa e da o grito do Ipiranga e outra coisa é garantir o dominio sobre o território nacional e foi isso que aconteceu na Bahia. A guerra da Bahia, onde brilhou o heroísmo popular, além de lideranças como Labatut, Lima e Silva, João das Botas, Maria Quitéria, entre tantos outros. Em carta a José Bonifácio, Labatut registra: "Nenhum filho de dono de engenho se alistou para lutar". A consciência da possibilidade de uma nação surgiu de baixo.
Foram meses de luta, batalhas em diversos pontos do Recôncavo Baiano, sendo a mais famosa a de Pirajá, onde segundo consta, o corneteiro Lopes decidiu a vitória tocando 'avançar' quando havia sido instruído para fazer o contrário. Vitória brasileira.
Em Santo Amaro e Cachoeira, as duas principais cidades do Recôncavo, aconteceram importantes episódios históricos vinculados ao processo da Independência da Bahia. Coube ao Senado da Câmara de Santo Amaro, em 14 de junho de 1822, reunir-se e decidir que o Brasil deveria ter um centro único de Poder Executivo, segundo regras de uma constituição liberal e ter direito a exército e marinha sob a autoridade do Príncipe Regente. Também a Câmara de Cachoeira, em 25 de junho 1822, proclamou o Príncipe Regente “defensor e protetor deste Reino do Brasil”. Esses atos e manifestações marcaram a adesão da Bahia ao movimento pela independência, que tomaram impulso no sul do país.
No dia 18 de fevereiro, marinheiros portugueses cercaram e tomaram o Forte de São Pedro e o quartel da Mouraria, onde se concentravam os militares brasileiros. Sendo superiores em número e armamento, eles logo dominaram a cidade e cometeram absurdos, culminando com o assassinato de Soror Joana Angélica, no Convento da Lapa, onde também feriram o Padre Daniel da Silva Lisboa, capelão do Convento.
Os baianos não aceitaram a perda da cidade. Militares brasileiros saíram do Forte de São Pedro e armaram guerrilhas nas matas, desde Brotas até a Fazenda Garcia. Militares, civis e famílias inteiras refugiaram-se no Recôncavo.
A Guerra da Independência da Bahia tornou-se uma oposição entre Salvador, com os comerciantes portugueses ligados às cortes de Lisboa, e o Recôncavo, centro de articulação das forças nacionais, com os senhores de engenho radicados na terra e lutando por ela.
No Recôncavo baiano surgiram milícias e grupos de voluntários, armados e mantidos pelos senhores de engenho. Foi nesse cenário que Maria Quitéria, uma jovem dos arredores de Feira de Santana, desobedeceu a seu pai para unir-se à luta no Batalhão dos Periquitos. Com os cabelos cortados e vestindo-se como um homem, fugiu de casa e dirigiu-se à vila de Cachoeira, onde se alistou sob o nome de Medeiros. Ao ser descoberta pelo pai, duas semanas depois, foi defendida Major José Antônio da Silva Castro, avô do poeta Castro Alves. Maria Quitéria foi incorporada a esta tropa, pois tinha facilidade no manejo das armas e reconhecida disciplina militar. A jovem participou de importantes defesas, atacou trincheiras, comandou grupos femininos e fez prisioneiros. Por seus atos de bravura em combate, o General Pedro Labatut conferiu-lhe as honras de 1º Cadete. No dia 20 de agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro.
No dia dois de julho, o Exército Libertador entrou triunfante na cidade do Salvador, sob o comando do General Lima e Silva. Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população em festa. O governo da Província dera-lhe o direito de portar espada e, na condição de Cadete, ela usava uniforme de cor azul, com saiote e capacete com penacho.
A libertação de Salvador do domínio de tropas portuguesas foi longa e difícil. Na realidade, as lutas contra as forças portuguesas do brigadeiro Madeira de Melo, a mais alta autoridade militar da província, começaram a crescer desde 1820. Com a independência proclamada por dom Pedro, os conflitos aumentaram.
Portugal desejava fazer de Salvador um foco de resistência à independência da Colônia. No início de 1823, tropas portuguesas chegaram a Salvador para reforçar os contingentes da Metrópole. As tropas brasileiras de Manuel Pedro, que havia sido nomeado por dom Pedro para a mesma função de Madeira de Melo, foram derrotadas. Diante da derrota, recuaram para o Recôncavo Baiano, pois os habitantes dessa região eram os maiores defensores da independência.
Nos primeiros meses de 1823, a situação de Salvador deteriorou muito. Sem alimentos, as doenças matavam cada vez mais pessoas. Diante dessa situação, o chefe português permite a saída dos moradores de Salvador e cerca de 10 mil pessoas deixam a capital da província. Em fins de maio, uma nova frota brasileira comandada pelo inglês lord Cochrane chega a Salvador. Vendo que era inútil a resistência, as tropas portuguesas se rendem.
O mês de julho começa com o embarque dos portugueses. No dia 2, o Exército brasileiro entra vitorioso em Salvador.
As guerras de independência, em especial a que se travou na Bahia, revelam um aspecto importante no processo da emancipação política do Brasil, muitas vezes pouco valorizado em nossos estudos históricos: a independência enfrentou uma questão militar. E como o Brasil não tinha uma estrutura militar adequada às necessidades de seu imenso território, precisou lançar mão de tropas mercenárias, comandadas por oficiais estrangeiros.

Fonte:
Brasil, História e Sociedade, de Francisco M. P. Teixeira. São Paulo, Ática, 2000.
As guerras da independência, de Arlenice Almeida da Silva. São Paulo, Ática, 1995.

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