segunda-feira, 27 de julho de 2009

A história da vacina é antiga


Ao perceberem que os sobreviventes de um ataque de varíola não voltavam a sofrer da doença, muitos povos tentaram provocar a moléstia numa forma mais branda. Os primeiros registros desta prática, que recebeu o nome de variolização, remontam aos chineses. Era conhecida entre diversos povos da África e da Ásia, como hindus, egípcios, persas, circassianos, georgianos, árabes.
Na Turquia, no início do século XVIII, duas inoculadoras de origem grega ficaram famosas – uma delas, a Tessaliana, chegou a imunizar cerca de 40 mil pessoas. As técnicas diferiam: algodão, com pó de crostas ou pus inserido no nariz, vestir roupas íntimas de doentes, incrustar crostas em arranhões, picar a pele com agulhas contaminadas, fazer um corte na pele e colocar
um fio de linha infectado ou uma gota de pus.
Embora a variolização pareça ter sido praticada em algumas regiões da França, na Escócia, no País de Gales e na Itália, atribui-se sua introdução na Europa à Lady Mary Wortley Montagu, mulher do embaixador britânico na Turquia, que fez inocular seus filhos. De Londres, a prática se espalhou pelo continente, popularizada pela adesão da aristocracia. Foram imunizados as princesas reais Amélia e Caroline, na Inglaterra, Luís XVI, na França, Catarina II, na Rússia.

A VARIOLIZAÇÃO LOGO CHEGOU ÀS AMÉRICAS.

Jesuítas inocularam índios no Brasil, e Zabdiel Boylston imunizou 243 pessoas durante uma epidemia em Boston, em 1721. Na mesma cidade, em 1764, novo surto de varíola levou à criação de dois hospitais particulares para inoculação. John Adams, mais tarde presidente dos Estados Unidos, submeteu-se ao tratamento. Este era prolongado – três a quatro semanas de internação e de duas a três em convalescença. Após ver seus exércitos ao norte devastados pela varíola, mudando o curso da guerra, George Washington ordenou a variolização compulsória de suas tropas em 1777.
Desde sua introdução na Europa, a variolização sempre enfrentou uma oposição ferrenha, que se agravou com a comprovação de que cerca de 2% dos inoculados morriam e muitos desenvolviam formas graves da doença. Com isso, em muitos locais, a prática foi suspensa.


A FAMA FICOU COM OUTRO

Quem ficou com a fama foi o inglês Edward Jenner, que em 1796 observou que as vacas tinham nas tetas feridas iguais às provocadas pela varíola no corpo de humanos. Realmente os animais tinham uma versão mais leve da doença, a varíola bovina, ou "bexiga vacum". Ao observar que as mulheres responsáveis pela ordenha quando expostas ao vírus humano tinham uma versão mais suave da doença, ele recolheu o líquido que saía destas feridas e o passou em cima de arranhões que ele provocou no braço de um garoto. O menino teve um pouco de febre e algumas lesões leves, tendo uma recuperação rápida. A partir daí, o cientista pegou o líquido da ferida de outro paciente com varíola e novamente expôs o garoto ao material. Semanas depois, ao entrar em contato com o vírus da varíola, o pequeno passou incólume à doença. Estava descoberta assim a propriedade de imunização. (O termo "vacina" seria, portanto, derivado de "vaca").

Jenner ficou com a fama mundial, mas parece não ter sido o primeiro realmente a inventar a vacina. O livro "A História e suas epidemias: a convivência dos homens com os microorganismos", do médico Stefan Cunha Ujvari, lançado pela Editora Senac, conta que muito antes disto os chineses já tinham criado seu método de imunização. Eles trituravam as cascas das feridas produzidas pela varíola, onde o vírus estava presente, porém morto, e sopravam o pó através de um cano de bambu nas narinas das crianças. O sistema imunológico delas produzia uma reação para o vírus morto e, quando expostas ao vírus vivo, o organismo já sabia como reagir, livrando os pequenos da doença.


Fonte http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=6147

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